sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

QUATRO CRÍTICAS ESSENCIAIS SOBRE O NOVO PENTE FINO DO INSS NOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS


Resultado de imagem para PENTE FINO INSSComo já anunciado pelo Governo Federal, haverá um novo pente fino para apuração de fraudes na concessão de benefícios previdenciários. Para tanto, o Governo promete uma Medida Provisória para regulamentar a caça ás fraudes

Apesar do zeloso esforço da equipe do Governo em “moralizar” a administração pública, necessário esclarecer que essa atitude, da forma como anunciada merece crítica (construtiva) para não cometer erros legislativos primários e/ou onerar o “falido” INSS.

Primeira crítica - Pente fino criado a partir de Medida Provisória. Cômico!

Digo cômico porque o Governo desvirtua, com uma atecnia, a finalidade deste instrumento. Vejamos o seu conceito nos exatos termos do artigo 62 da Constituição Federal :
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

Vale dizer, o Presidente da República só poderá adotar tal instrumento em casos de relevância e urgência. Uma vez adotada tal medida esta deve ser submetida, de imediato, ao Congresso Nacional. Caso não o faça ou não seja aprovada, perde sua eficácia e caso isso ocorra todo trabalho será perdido. Logo, os benefícios “cassados” deverão ser reestabelecidos com o pagamento dos meses atrasados, com juros e correção monetária.

Segunda crítica – Já existe Lei para tal ato
A ânsia em demonstrar poder de fogo, faz com que Governantes – ainda que bem intencionados – transgridam a legislação e passem para o esquecimento o ordenamento legal já existente.

O artigo 69 e seus parágrafos da Lei Orgânica da Seguridade Social determina que: O Ministério da Previdência e Assistência Social e o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, manterão programa permanente de revisão da concessão e da manutenção dos benefícios da Previdência Social, a fim de apurar irregularidades e falhas existentes.

Nesse contexto, desnecessária é a criação de uma Medida Provisória. Mais acertado seria a criação de uma Força Tarefa para dar conta desse “pente fino”. Existe ainda dentro do INSS um órgão que apura denúncias de concessão indevida de benefícios.

Terceira crítica – Oneração do INSS
A Medida a ser adotada pelo Governo prevê o pagamento de um “bônus” para que o servidor (re)faça o que ele faz e já recebe por isso. Aparentemente, esse bônus ficará em R$ 60,00 por fraude localizada (benefício cancelado).

Tal bonificação além de trazer um ônus para a Autarquia, poderá incorrer em “erros”, como já aconteceu recentemente em 2017/2018, onde, também através de pente fino e pelo sistema de bonificação, inúmeros benefícios foram cancelados e reestabelecidos perante o Poder Judiciário.

Além disso, existe uma situação a ser considerada que é muito prejudicial para todos – Governo e Segurado. 
Explico.

Digamos que a bonificação seja exatamente essa R$ 60,00 (sessenta reais).
Hipoteticamente falando, Um servidor da autarquia consegue auditar apenas 05(cinco) benefícios por dia. Fazendo uma conta rápida, 5 auditorias por dia multiplicada pela bonificação, teremos:
R$ 60,00 x 5 = R$ 300,00 por dia.

Considerando que no mês temos, geralmente, 22 dias trabalhados, esse servidor receberá, a título de bonificação, o valor de R$ 6.600,00 (seis mil e seiscentos reais), além do seu salário.

Com essa bonificação e nesse formato, haverá um aumento de gastos que a autarquia terá que cobrir, afinal, essa foi a promessa feita. Mas fica uma pergunta: Se os servidores fizerem essa conta e se “dedicarem” a encontrar fraudes, como ficará a análise dos pedidos de novos benefícios frente ao pagamento dessas bonificações?? Haverá um atraso na concessão??

Quarta crítica – Por quanto tempo haverá essa caça às fraudes?
Por quanto tempo o Governo manterá esse programa? Por um, dois, três meses? Quanto custará aos cofres? Será mesmo eficaz? Ou daqui a 1 anos será editada nova Medida Provisória para a mesma finalidade.

Nesse contexto, acredito muito que o Governo deveria aparelhar melhor a autarquia, especialmente o setor de combate a fraudes, com a contratação de mais servidores e aquisição equipamentos novos e aperfeiçoamento de técnicas para a realização diária e ostensiva dessa “auditoria”, além de buscar a prevenção e adotar punição rigorosa dos envolvidos, principalmente servidores.  

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